O sacramento da Penitência também é por muitos chamados de Reconciliação. É através desse sacramento que o cristão, arrependido, confessa os seus pecados ao sacerdote. O padre dá uma penitência ao confessor e faz a oração de pedido e remoção dos pecados, reaproximando o cristão de Deus e absolvendo os seus pecados.
A confissão é realizada somente na presença do cristão e do sacerdote, geralmente em um confessionário.
A instituição da Confissão é comprovada legitimamente dos textos que conferem o poder das chaves, poder que deve ser exercido a modo de juízo. Tal juízo, não pode ser proferido sem a prévia manifestação dos pecados, pois 1) um juízo prudente e sábio não pode ser proferido sem prévio conhecimento de causa e 2) esta não pode ser conhecida sem a confissão do penitente, visto ser ele o único que tem realmente conhecimento do próprio pecado e de sua malícia. Não se trata apenas de declarar perdoados os pecados, vistas as boas disposições do penitente. Em Jo 20, 21ss, Jesus declara que a missão dada aos Apóstolos é semelhante à que recebeu do Pai. Ora, Cristo não apenas prega a remissão dos pecados ou os declara perdoados, mas perdoa-os. Portanto, assim também os Apóstolos e seus legítimos sucessores não somente declaram o perdão, mas perdoam, realmente, em nome de Cristo: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”.
Durante a vida, deparamo-nos com tentações contra a pureza, que não podem ser vencidas a não ser pela fuga. “Levamos o nosso tesouro em vasos quebradiços”, nos diz a Sagrada Escritura. Vidros de fina composição só com grande cautela podem ser levados juntos de uma só vez. A pureza do coração é coisa tão delicada, que só com grande cuidado pode ser conservada. Para não perder este precioso tesouro, é preciso que fujamos de todas as ocasiões, que fazem a virtude da pureza perigar. É preciso que renunciemos aos vis prazeres do mundo, não concedendo liberdade aos membros, que exigem pela natural inclinação, quer seja o amor à carne, o apego aos bens, a maldade, etc . Jesus, conhecendo a nossa fraqueza, foi extremamente bondoso ao instituir o sacramento da confissão, conferindo aos Apóstolos e Sacerdotes da Igreja, o poder de perdoar pecados. No confissionário, temos a plena convicção do perdão. Ali a alma entra doente e suja, sai sã e límpida. Infeliz do homem que dá ao mundo os seus dias da mocidade, reservando-lhe apenas o fim da vida. Ao fim da peregrinação, cada um terá de se apresentar ao Criador. Que será de nós se lá chegarmos com a alma imunda e de mãos vazias? Aproveitemos, portanto, a graça da confissão enquanto ainda caminhamos neste mundo.
Para que façamos uma boa confissão é preciso:
1. Exame de consciência e ato de contrição, ou seja, rezar e refletir sobre seus pecados.
2. Arrependimento sincero pelas ofensas feitas contra Deus e os irmãos.
3. Firme propósito de não mais pecar.
4. Confessar os pecados ao Sacerdote.
5. Cumprir a penitência imposta pelo padre ao término da confissão.
ATO DE CONTRIÇÃO (antes de confessar)
Senhor Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes vós quem sois sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque vos amo e estimo, pesa-me, Senhor, de todo o meu coração, de vos ter ofendido; pesa-me também ter perdido o céu e merecido o inferno e proponho firmemente, ajudado com o auxílio da vossa divina graça, emendar-me e nunca mais vos tornar a ofender e espero alcançar o perdão das minhas culpas, pela vossa infinita misericórdia. Amém.
COMO CONFESSAR?
O orgulho nos leva à falsa convicção de que não temos pecados. Devemos ter a humildade de reconhecer nossas faltas e de as confessar ao Sacerdote. Não raras vezes é comum encontrarmos dificuldades em nos recordarmos dos pecados cometidos. Por ser um fato freqüente, leia os Mandamentos da Lei de Deus e siga o roteiro abaixo descrito, que servirá como um verdadeiro auxílio para revisão de vida:
EXAME DE CONSCIÊNCIA (com base nos 10 Mandamentos)
1º. Amar a Deus sobre todas as coisas.
– Tive vergonha de testemunhar meu amor a Deus;
– Fui relaxado e não cultivei minha união com Deus. Não fiz a leitura e meditação da Palavra;
– Revoltei-me contra Deus nas horas difíceis. Alimentei superstições;
– Durante o dia nunca ou raramente dirijo o pensamento a Deus. Faltei à oração de cada dia;
– Duvidei da presença de Deus em minha vida. Não alimentei minha fé;
– Não fui fiel à oração com minha esposa-esposo e filhos?
2º. Não tomar o nome de Deus em vão.
– Jurei falsamente ou jurei desnecessariamente;
– Usei o Nome de Deus ou símbolos religiosos sem o devido respeito;
– Busquei a Deus e a Igreja somente nas horas de necessidade?
3º. Guardar os Domingos e dias Santos.
– Faltei à Missa aos Domingos e dias Santos por preguiça, por conveniência;
– Vivi meu Domingo para comer, beber, dormir e ver televisão;
– Sem precisar, entreguei-me ao trabalho aos Domingos;
– Obriguei meus funcionários ao trabalho aos Domingos;
– Não usei dos Domingos para estar com minha família, para visitar alguém?
4º. Honrar pai e mãe.
– Agredi meu pai ou minha mãe com palavras, gestos, atitudes;
– Descuidei-me deles na hora da doença ou na velhice;
– Não procurei ser compreensivo com eles;
– Deixei passar longo tempo sem visitá-los;
– Por orgulho, tive vergonha de meus pais?
5º. Não matar.
– Pratiquei o aborto, fui cúmplice ou apoiei alguém que abortou;
– Usei drogas; fui além dos limites na bebida alcoólica e no cigarro;
– Não cuidei da minha saúde ou da saúde das pessoas que dependem de mim;
– Feri as pessoas com olhar, ou as agredi fisicamente ou grosseiramente;
– Alimentei desejos de vingança, ódio, revoltas e desejei mal aos outros;
– Neguei o perdão a alguém;
– Não gastei, ao menos um pouquinho de meu dinheiro, para ajudar aos necessitados;
– Pensei ou tentei o suicídio;
– Fui racista e preconceituoso, ou não combati o racismo e os preconceitos?
6º. Não pecar contra a castidade.
– Descuidei em lutar pela minha santificação;
– Não disciplinei os meus sentidos, instintos, vontade;
– Dei espaço à sensualidade, erotismo, pornografia;
– Gastei tempo e dinheiro com filmes, revistas, espetáculos e sites da internet desonestos;
– Caí na masturbação;
– Assediei alguma pessoa, induzi alguém ao pecado;
– Vesti-me de maneira provocante;
– Entrei na casa do Senhor com trajes inadequados;
– Fui malicioso em minhas relações de amizade?
7º. Não furtar.
– Aceitei ou comprei algo que foi roubado;
– Estraguei bens públicos ou de outras pessoas;
– Desperdicei dinheiro em jogos, bebidas e diversões desonestas;
– Prejudiquei alguém, usando de pesos e medidas falsas, enganando nas mercadorias e negócios;
– Explorei alguma pessoa ou não paguei o justo salário;
– Não administrei direito meus bens e deixei de pagar minhas dívidas?
8º. Não levantar falso testemunho.
– Envolvi-me em mentiras, difamações, calúnias, maus comentários, fiz mau juízo dos outros;
– Fingi doença ou piedade para enganar os outros;
– Ridicularizei ou zombei de pessoas simples, pobres e idosas, deficientes físicos ou mentais;
– Dei maus exemplos contra a Religião, na família, na escola, na rua, no trabalho?
9º. Não cobiçar a mulher do próximo.
– Alimentei fantasias desonestas, envolvendo outras pessoas;
– Deixei de valorizar meu cônjuge;
– Pratiquei adultério (uniões sexuais antes ou fora do casamento);
– Não soube desenvolver um namoro maduro e responsável, enganando a (o) namorada (o);
– Não fugi das ocasiões ou lugares próximos do pecado?
10º. Não cobiçar as coisas alheias.
– Tenho sido invejoso;
– Apoiei movimentos políticos que se organizam com o fim de invadir e tomar as propriedades alheias;
– Violei segredos, usei de mentiras, ou não tenho combatido o egoísmo;
– Sou dominador, não aceitando a opinião ou sucesso dos outros;
– Fico descontente ou com raiva diante da prosperidade material e financeira de meu próximo?
Referências: Na Luz Perpétua (Editora Lar Católico – 1959); Pequeno Catecismo de Iniciação Cristã (Ed. Paulinas, 1985)