O amor
A síntese da Lei e dos Profetas, e o coração da nova Aliança inaugurada no sangue de Cristo, é o amor a Deus e ao próximo, um incluído no outro. Esse duplo amor é vivido por todos, cada um segundo o própria vocação e missão na igreja e no mundo.
A vida toda e o ministério do presbítero se destinam a ser nele uma forma explicita de viver o amor a Deus e ao próximo. Se o padre considera a existência presbiteral em sua plenitude uma obra de amor e manifestação de amor, então ele será capaz de assumir uma atitude sadia e dinâmica que o mantém estável na juventude, na maturidade e na idade avançada, nos dias de saúde perfeita, e também nos anos de declínio, no tempo seja do consenso, seja da incompreensão ou do sentimento de solidão.
1 – Amor a Jesus Cristo
Existe um perigo de a pessoa ficar tão apegada aos afazeres de Jesus que o próprio Jesus não seja e não esteja no centro das ocupações e preocupações.
Jesus Cristo é quem dá sentido, unidade e senso de orientação para a vida e o ministério do sacerdote. É ele quem o escolhe e tudo dispõe para lhe fornecer talentos e oportunidades para a formação nos anos de seminário. Por meio da Igreja, Cristo confere o sacramento da ordem ao presbítero e lhe confia uma parte de sua vinha para que a cultive.
No apostolado, o sacerdote é outro Cristo: assim o vê o povo de Deus e por isso o aceitar e o respeita.
Daí se conclui que cada sacerdote deve esforçar-se para amadurecer sempre mais e ter consciência de viver em Cristo, por Cristo e com Cristo.
2 – Amor à Sagrada Escritura
Os sacerdotes devem amar as sagradas escrituras, que são para ele alimento espiritual do dia a dia. O presbítero aprende da Igreja nos evangelhos, é Jesus quem nos fala. O presbítero encontrará neles, não há duvidas, o coração, a essência da revelação divina; por essa razão, não conhecer os evangelhos, quer dizer, não conhecer realmente a Jesus Cristo.
A sagrada escritura não é apenas uma arma para provar as afirmações teológicas, condenar os erros e embelezar homilias. É muito mais. É Deus que nos fala, nutre, edifica, e quando necessário chama nossa atenção e nos corrige. Ela, a palavra, é viva, eficaz e mais cortante que espada de dois gumes. Ela penetra até o ponto onde se encontram alma e espírito, até onde juntas e medulas se tocam; ela sonda os sentimentos e pensamentos do coração.
3 – Amor à Igreja
A igreja é o corpo místico de Cristo. É o Cristo presente sempre naquele que nele foram incorporados mediante o batismo e que são chamados a viver como a nova família de Deus, numa vida de fé, adoração, amor mútuo e serviço. A igreja nasce da Sagrada Escritura e a ela está profundamente unida. A eucaristia dá vigor e unidade à Igreja.
O sacerdote deve notar que no credo professamos a nossa fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Mas também afirmamos a nossa fé na Igreja una, santa, católica e apostólica. Sem a Igreja o sacerdócio não teria sentido. São Cipriano afirma que não pode ter Deus como Pai quem não reconhece a Igreja como mãe.
Entre todos os que devem amar a Igreja, o primeiro há de ser o sacerdote. E o seu amor deve manifestar-se de maneiras concretas. A fé que o padre põe na Igreja deve fazer que ela a acolha como ela é. No curso de sua peregrinação terrena, com todos os seus elementos divinos e humanos. Entendendo que os elementos humanos podem levar a quedas bruscas.
4 – Amor à Virgem Maria
A mãe não pode ser adequadamente substituída na vida, no crescimento e na educação de um filho. Jesus não nos deixa espiritualmente sem mãe. Exatamente na hora da morte na Cruz, ele nos deu como mãe a sua própria mãe. (Cf. Jo 19,26-27).
Pelo fato se ser a mãe de Cristo Redentor, a Virgem Maria tornou-se a mãe espiritual de todos os irmãos e irmãs em Cristo. Assumindo a natureza humana, Cristo em certo sentido uniu a si mesmo todos os seres humanos.
Podemos, juntos, nós sacerdotes e vocês leigos dizermos: NÓS TEMOS UMA MÃE, NÃO SOMOS ÓRFÃOS.
Pe Antônio Vander da Silva